domingo, 27 de outubro de 2019

Celebrando a vida



Hoje é dia 27 de outubro, uma das datas em que se festeja o nascimento de Lula.

Escolho, como homenagem a ele, retomar meu Blog, para deixar minha mensagem à defesa dos direitos humanos, que ele tão bem representa.

Há mais de um ano, venho escrevendo publicamente apenas no Facebook, mesmo conhecendo os riscos que isto impõe: ser controlada, censurada, até perseguida e dispersar minhas reflexões em postagens instantâneas. Isto tudo,  além da dor de conhecer, ali, facetas cruéis de supostos amigos o que, muitas vezes, me obrigou a rompimentos, talvez definitivos. Por outro lado, levando em consideração a má qualidade e tendenciosidade da mídia em geral, o Face acabou por se constituir em um canal por onde receber notícias de parceiros (velhos e novos) e poder compartilhá-las. Desse modo, mesmo distante do Brasil, seguir fazendo minha parte na resistência imprescindível a esse momento vergonhoso da nossa história.
No entanto, não desconheço minha necessidade (e responsabilidade) de escrever mais amplamente, de expor melhor minhas concepções, gerando, em contrapartida, novos diálogos, quiçá mais profundos. Por isso, a escolha  oportuna de voltar ao Blog, nesse momento.

Desde cedo, hoje, lendo os posts de saudação a Lula, constato, uma vez mais, a imensidão de amor que ele desperta naqueles que, desde as camadas menos privilegiadas até a dos grandes intelectuais de nosso tempo, acreditam na possibilidade de construção da justiça social.

Não há de ser por acaso que os que desprezam Lula, os que o vilipendiam e o injuriam sejam os representantes da medíocre camada acomodada em vantagens individuais, os que temem as transformações, os que negam a existência de privilégios e se defendem, paranoicamente, procurando aniquilar qualquer líder que questione essas posições egoístas.

Votei em Lula nas duas vezes em que ele se elegeu Presidente e não me arrependi em nenhum momento de minha escolha. Ele representou e representa meus anseios e, dentro de suas possibilidades, alçou o Brasil à posição de uma nação digna do respeito internacional, que bem merece ter.
Lula não fez isso sozinho, é bem verdade. Mas foi ele que carregou a bandeira. Por isso está preso. Porque é um símbolo poderoso da força do desejo de tantos brasileiros, de diferentes estratos sociais, que acreditam na possibilidade de haver uma vida digna para todos.

Não sou uma pessoa nada diplomática e, mesmo em Lula, por quem tenho tanto respeito, às vezes me assusta a capacidade de andar na corda bamba, que a postura um tanto reverente dos cargos públicos exige. Por isso eu jamais seria capaz de concorrer a um cargo político. Tiro o meu chapéu para quem sabe fazer reverências dignas, sendo bem-ensinado pela vida. Sou rebelde demais para isso. Mas, minha incompetência, nesse setor, não me impede de fazer o reconhecimento da importância que tem Lula no panorama nacional e mundial.
Não julgo que ele seja “o cara”. Mais do que seguir repetindo um clichê desgastado, acredito que Lula seja o símbolo de alguma coisa maior e mais verdadeira, que vem sendo resgatada em muitas sociedades mundiais e que trará uma quebra dos padrões que têm feito, dos seres humanos, parte de um mecanismo sórdido de escravização, em benefício de uma conjuntura na qual o dinheiro é o deus supremo.

Sim, é pela boa educação (não unicamente formal) que podemos chegar a compreender melhor nosso próximo e a desenvolver compaixão mútua. Lula teve as bases desses princípios na criação amorosa de uma mãe extremamente dedicada e as desenvolveu nas famílias que constituiu, encontrando, por isso mesmo – porque soube identificá-las - parceiras leais e dedicadas. E atualmente faz de seu tempo, em sórdida reclusão imposta, um espaço para buscar mais e mais informações, desenvolvendo novas reflexões, que expandem sua sabedoria e o fortalecem.
Em todo este tempo em reclusão, Lula não esmoreceu, nem aceitou barganhas. Segue de cabeça erguida. Declara seu amor irrestrito por uma infinidade de pessoas e por coisas simples, sem envergonhar-se disso. Não se queixa. E tanto expressa indignação pelas vilezas de que é vítima, como pela destruição do país e pela penalização perversa à que a população vem sendo submetida.

Por tudo isso eu o julgo um gigante, e não tenho a menor dificuldade em reconhecer a incomensurável importância de sua existência.

Há controvérsias sobre o dia exato em que Luiz Inácio da Silva veio ao mundo. Os registros não garantem a exatidão do primeiro vagido daquele bebê predestinado a ser um grande homem público, dono de coragem, tenacidade, inteligência, amorosidade e argúcia ímpares. Que importam as certidões? Lula é o melhor atestado de sua própria existência.

Agradeço à vida por nossa contemporaneidade. Por ter-me permitido celebrar um tempo em que presenciei o povo, totalmente livre, viver o júbilo de sua chegada à Presidência da República. Nunca esquecerei aquele momento de glória, ainda sabendo que é exatamente aquele instante - de superação de todas as humilhações populares - que seus algozes não perdoam, nem perdoarão, jamais.

A Lula eu digo: muito grata por ser quem é.  Imperfeito, como todos nós, mas comprometido com a capacidade genuína de recomeçar sempre, buscando ser melhor. Por nos ensinar, pelo exemplo, a fé no amor, acima de qualquer outra crença. Por contagiar, a todos, com o brilho de seu olhar - mesmo quando embaciado pela dor - vindo da solidariedade que defende a cada momento.

Gritar Lula Livre não é favor, nem virtude. É dever de quem acredita na Vida. Uma parte de todos nós está definhando, enquanto Lula não estiver de volta ao convívio de seu povo, onde demonstra e estimula a melhor forma de honrarmos nossas raízes, alimentados pela seiva que sustenta nossa brasilidade.

6 comentários:

  1. Lula da Silva é o melhor de nós, representa nosso poder de luta, de resistência! Belíssimo texto Maria Inez!
    Um abraço-Inez Mattos

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  2. Com a alma embargada e segurando as lágrimas...
    Com o sentimento de "Apenas já sendo tanto".
    Tanto? Seu texto Maria Inez!
    Apenas? Ser parte desse Tempo Livre que é comungar a alegria por existir um LULA DA SILVA.
    Obrigada! Forte abraço e siga escrevendo por "dever ao mundo tua sensibilidade e verdade.

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    1. Muito grata, Silmara, por seu comentário generoso e estimulante! Continuemos com essa afinidade desses sentimentos que nos fazem ousar ser sempre um pouco mais humanas!

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