Bem que, nos últimos dias, eu desejei escrever um texto de celebração ao
novo ano. Mas meu coração anda em câmara lenta, contrastando com meu acelerado ritmo
pessoal. Um descompasso que denuncia: estou imensamente triste com tanto
sofrimento a nosso redor.
A sensação que tenho é de que continuamos em
2020. Como se o tempo, que parece paralisado, nos mantivesse indefinidamente
nesses dias cinzentos, que a pandemia inaugurou.
Reconheço, é verdade, que também
surgiu um espaço para reflexões mais profundas, para quem se dispõe a esse
mergulho, mais necessário do que nunca. E que ele nos traz dimensões outras,
que vimos adiando e que vêm se abrindo, como portais que podemos transpor, em
busca de mais sabedoria.
Imersa nesses pensamentos eu
estava quando, sincronicamente, um artigo que escrevi em agosto passado,
enquanto terminava minha dissertação de mestrado, foi publicado. É uma
narrativa sobre a forma como a situação de exceção que estamos vivendo
atravessou meu texto autobiográfico do trabalho acadêmico. Nesse artigo, faço
considerações sobre as transformações pelas quais o mundo já vinha passando há
alguns anos e de que, na emergência, fomos obrigados a encarar e suportar.
Felizmente, meu olhar, embora extremamente realista, termina sempre por ser de
esperança.
Então, em lugar do texto que
sonhei lhes enviar e que adio para o próximo ano, deixo, aqui, dois links: o do
meu artigo e o da revista, como gratidão pela publicação. Quem se dispuser a
ler, talvez encontre afinidades com meus pensares.
E fica, também, meu desejo de que
do tempo aparentemente invisível venha a construção de um presente mais pleno
de consciência social e amorosidade.
https://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/10465
https://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/issue/current